O mar Egeu estende-se a sudeste da Grécia continental. Conta com várias ilhas de maior e menor dimensão, entre as quais as que formam os arquipélagos das Cíclades e do Dodecaneso. Neste artigo iremos analisar o itinerário de uma viagem de barco pelas Cíclades.
Esta área é mais conhecida entre os navegadores mais experientes: as distâncias são maiores (em comparação com a popular Croácia), e as condições são normalmente mais exigentes. No entanto, os amantes do mar são recompensados com navegação extraordinária, pequenos e grandes ancoradouros ou portos com habitantes simpáticos, preços razoáveis e atrações históricas e naturais. Poderá passear entre as ilhas por muito tempo e de várias formas: haverá sempre algo para toda a gente. Apenas os apreciadores de marinas grandes e luxuosas poderão ficar desiludidos, uma vez que (ainda) não as encontrarão aqui
Dividimos a viagem em cinco partes:
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1.ª parte: Atenas - Santorini (130 milhas náuticas), domingo e segunda-feira
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2.ª parte: Santorini - Naxos (40 milhas náuticas), terça-feira
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3.ª parte: Naxos - Mykonos (35 milhas náuticas), quarta-feira
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4.ª parte: Mykonos - Kythnos (50 milhas náuticas), quinta-feira
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5.ª parte: Kythnos - Alimos (30 milhas náuticas), sexta-feira
Encontra um mapa do Google com o itinerário aqui.
O nosso ponto de partida será Atenas. É a capital da Grécia e uma das áreas onde se encontram mais monumentos antigos e locais arqueológicos. Oferece museus e instalações culturais, mas também uma vibrante vida noturna, lojas e, não menos importante, variedade de experiências culinárias. Além disso, Atenas está na moda, pelo que encontrará companhia internacional, especialmente jovens de toda a Europa e do resto do mundo. Assim, ao planear a sua viagem, tenha em conta que poderá precisar de algum tempo para visitar esta cidade histórica.
Atenas também oferece uma grande seleção de barcos para alugar. Os barcos estão geralmente muito bem equipados e mantidos e são várias as marinas na cidade e arredores. A marina de Alimos, localizada a sudeste do centro da cidade, é uma opção comum. Embora não se possa esperar nenhum luxo, encontrará um decente ponto de partida.
A área é acessível praticamente em qualquer altura do ano, mas principalmente de março a novembro. Da nossa experiência, o outono é a melhor altura. A água ainda está morna para nadar, a temperatura diária é razoável, as condições meteorológicas são favoráveis e há relativamente poucos turistas no mar e em terra.
1.ª parte da viagem: Atenas - Santorini (130 milhas náuticas), domingo e segunda-feira
O início da viagem será mais intenso. Serão 130 milhas náuticas na primeira etapa, sendo provável que passe 24 horas no mar. O sábado pode ser aproveitado para levantar o barco, tratar das provisões para a viagem e embarcar a tripulação e viajantes. Nessa primeira noite, pode optar por deitar-se cedo, uma vez que o(a) espera um primeiro dia desafiante. Na manhã seguinte, será conveniente deixar o porto pelas 6 horas da manhã.
O itinerário começará por levá-lo(a) ao longo da costa para sudeste, conduzindo-o(a) ao grande porto de Pireu, a nordeste de Atenas. Após cerca de 30 milhas, passará a ilha de St. Agios Georgios, onde é visível um enorme parque eólico, de dia ou de noite. O estreito entre Kimolos e Milos também servirá como ponto de referência.
Milos, a ilha mais a sul, é uma das duas ilhas vulcânicas das Cíclades (a outra é Santorini). Três outras circundam a placa tectónica do Egeu, com a placa africana a deslizar sob a mesma a partir do sul, provocando atividade vulcânica e sismos ao longo desta linha (de oeste até Creta, a leste até Nísiros e mais adiante até à Turquia).
Seguindo o plano, chegará ao estreito durante o dia. Encontrará um ancoradouro adequado (por exemplo, perto de Voudia), e poderá cozinhar, jantar e descansar um pouco em paz antes de continuar a viagem. No entanto, não dará para parar por muito tempo. A viagem continua de noite em direção a Santorini.
É provável que chegue à meta desta etapa nas primeiras horas da manhã de segunda-feira. Santorini é o que resta de uma espetacular erupção vulcânica de há cerca de 3600 anos, considerada uma das mais significativas erupções vulcânicas da história. A parcialmente inundada caldeira tem a forma de um anel com duas falhas, com outra pequena ilha desabitada no meio. Santorini é um destino turístico muito conhecido. Tem o seu próprio aeroporto internacional e na época alta encontrará muitos turistas.
Com sorte conseguirá atracar na antiga marina no lado interior oriental. Se quiser conhecer a cidade, terá de percorrer uma estrada longa e sinuosa até lá acima. Se não lhe apetecer andar, pode optar por ir de burro ou de teleférico. A vista a partir do topo da falésia, para o lado interior da ilha e para a ilha ao centro, é de cortar a respiração. Ao percorrer a cidade, irá deparar-se repetidamente com imagens conhecidas de todos os guias de viagem gregos. Igrejas com tetos abobadados pintados de azul, casas brancas, céu azul e mar. Um pouco cliché, mas ainda assim bonito…
A visita à cidade exigirá a maior parte do dia e, ao fim da tarde, poderá viajar do antigo porto até ao ancoradouro na costa leste da ilha central. Durante o dia, são muitos os turistas a viajar de barco a motor a partir da ilha principal. Porém, ao final da tarde encontrará tranquilidade e a oportunidade de atracar no cais de betão sem problemas. Se ainda tiver forças, pode fazer um passeio pela ilha. É possível observar vários fenómenos típicos pós-vulcânicos, entre os quais um conjunto de caminhos que o guiarão. Vale a pena ver os gases quentes (muitas vezes com forte odor a enxofre), o vapor, as fontes termais e as várias formações de lava.
2.ª parte da viagem: Santorini - Naxos (40 milhas náuticas), terça-feira
Terá de acordar cedo. Não pela distância que o(a) espera, mas para deixar o porto antes de os barcos com turistas começarem a chegar. Partirá da caldeira, atravessando o estreito a norte. Irá dirigir-se à ilha de Naxos, que se encontra a norte. No caminho, passará por Ios. Poderá navegar ao seu redor pela esquerda ou pela direita, consoante a direção do vento.
Terá de ter cuidado com o vento ao redor das ilhas na Grécia, pois são relativamente altas e têm frequentemente falésias íngremes. Se navegar demasiado perto da costa de sotavento, corre o risco de um vento repentino o(a) empurrar para as falésias. Não conseguirá sair dessa situação sem a rápida ajuda do motor. O forte zumbido da Melusine completa acusticamente todo o fenómeno da falésia. Sirenes dos antigos mitos e lendas ganham vida…
Desembarcará em Naxos, no porto da capital com o mesmo nome, e seguirá a pé para visitar o complexo de templos próximo, dedicado ao deus Apolo nos tempos antigos. Foi construído numa pequena península ligada à cidade por uma passagem estreita.

Percorrerá um confortável caminho empedrado e após alguns minutos chegará aos vestígios do templo. Foi parcialmente reconstruído nos tempos modernos: uma estrutura suportada por um par de colunas originais, visível à distância. Dá uma boa impressão da real dimensão de todo o edifício. Além disso, a zona tem uma vista encantadora e é o local ideal para uma meditação tranquila.
Pode comprar produtos frescos na cidade e desfrutar de um bom jantar num dos restaurantes locais. Se escolher um dos pratos tradicionais gregos e o vinho local, não ficará desiludido(a).
3.ª parte da viagem: Naxos - Mykonos (35 milhas náuticas), quarta-feira
Não haverá necessidade de pressa nesta manhã, poderá fazer tudo com calma. O porto oferece uma boa oportunidade para praticar a amarração à maneira típica local, ou seja, a parte de trás virada para o cais e a âncora lançada da ponta (ao contrário das habituais amarrações na Croácia). Quem nunca o fez precisa de alguma prática para coordenar tudo corretamente. Ao baixar a âncora, preste atenção à distância correta do cais (suficientemente longe para segurar bem a âncora, mas perto o suficiente para que o comprimento da corrente seja razoável) e de outros barcos e respetivas âncoras. Em caso de desatenção, as correntes das âncoras poderão cruzar-se. Ao puxar a âncora mais tarde, também a âncora do barco vizinho poderá vir à tona da água…
Quando tiver terminado de praticar, viajará para norte, para Mykonos. Poderá dirigir-se ao farol na pequena ilha a sul da entrada para o estreito, ao longo da costa ocidental de Mykonos. A ilha à esquerda chama-se Delos e desempenha um papel fundamental na mitologia grega, que a considera um refúgio sagrado e o local de nascimento dos deuses Apolo e Ártemis. Esconde um extenso complexo arqueológico com um museu. No entanto, deixará esta visita para uma próxima vez, continuando pelo estreito até à nova marina, a norte da capital. Aqui, é aconselhável reservar um lugar por telefone com pelo menos um dia de antecedência.
Depois de ancorar, poderá visitar a cidade velha. O ferryboat local ajudará a evitar a longa caminhada (os habitantes locais chamam-lhe «o autocarro marítimo»). Faz a ligação entre o porto novo e o antigo até altas horas da noite. Os grandes navios de cruzeiro atracam frequentemente em frente ao porto, levando centenas de turistas para a cidade. Se tiver sorte, ainda não estará lá nenhum e poderá explorar cada aspeto da cidade velha com tranquilidade. Encontrará lojas, restaurantes e outros serviços turísticos. Porém, apesar de toda a azáfama, o centro da cidade é encantador, pelo que vale a pena dar um passeio por lá.
4.ª parte da viagem: Mykonos - Kythnos (50 milhas náuticas), quinta-feira
Ao deixar Mykonos, dirigir-se-á quase diretamente para oeste. Irá contornar a vizinha Syros, a mais populosa ilha das Cíclades, a partir do norte. Depois de alcançar o cabo norte da ilha de Kythnos, irá virar ao longo da sua costa para sudoeste. Após algumas milhas de navegação, chegará à entrada da baía de Kolona. Encontrará um grande ancoradouro na sua margem norte com uma excelente profundidade — de cerca de cinco metros. Poderá ancorar e usar o bote para chegar à praia mais próxima, onde poderá relaxar após a longa viagem. A poucos passos da praia, encontrará um pequeno lago natural, abastecido por uma nascente hidrotermal. A água tem a temperatura ideal de cerca de 38 °C. O lago pouco profundo pode acomodar confortavelmente 2 a 3 pessoas, pelo que poderá revezar-se com os seus companheiros de viagem. Quem tiver demasiado calor poderá refrescar-se nadando no mar.
Segue-se uma pequena viagem para leste ao longo da costa. Após cerca de meio quilómetro chegará a uma estreita passagem de areia, que envolve toda a baía, separando-a da baía maior, que se abre para o alto mar um pouco mais a sul. Há um pequeno bar com uma esplanada na encosta acima desta «ponte de terra». Pode pedir uma bebida e desfrutar da vista deste fenómeno natural. Se quiser andar um pouco mais, pode atravessar a passagem e ver a pequena igreja na margem oposta. De banho tomado e agradavelmente cansado(a) da «banheira natural» e dos passeios, pode regressar ao convés e descansar.
5.ª parte da viagem: Kythnos - Alimos (30 milhas náuticas), sexta-feira
De manhã, pode nadar na baía. Após o pequeno-almoço, partirá para a última etapa da viagem, o regresso a Atenas. Dirige-se para noroeste até ao cabo Sounion. Pode ver o templo dedicado ao deus Poseidon ao longe. Antigamente, os navegadores reuniam aí antes de cada longa expedição, implorando aos deuses por um regresso feliz e aguardando vento favorável. Na baía sob o templo, encontra um excelente ancoradouro e pode usar o bote para chegar à praia perto do pequeno hotel. A partir daí, são apenas alguns minutos de subida até à entrada do complexo do templo. Também se pode virar para Poseidon e agradecer pela viagem bem-sucedida nas suas águas territoriais.

Depois de regressar ao barco, pode puxar a âncora e dirigir-se à marina de Alimos, onde deverá chegar à tarde para tratar de tudo o que diz respeito à entrega do barco e à verificação deste.
No total, viajará cerca de 300 milhas náuticas numa semana, passando pelo menos uma noite no mar. Visitará locais e monumentos famosos, desfrutará de baías e de ancoradouros isolados e perceberá que sentirá vontade de regressar à Grécia e de continuar a descobrir o país.
Quem não se atrever a fazer uma viagem tão exigente sozinho(a) poderá estar interessado nos cruzeiros anuais para a Grécia oferecidos na página seatime.cz. Assim, desfrutará da viagem sem preocupações sob a orientação de capitães experientes.